"Poema para Marielle Franco"
- Carmen Moreno
- 21 de jan. de 2022
- 1 min de leitura
Atualizado: 11 de abr. de 2022

Na calada da noite
calou-se a voz, tocaia.
Toque de recolher a vida.
Ávida, a mulher realçou
rostos invisíveis:
despenteou a brisa,
desabrigou mentiras,
soprou ventanias no marasmo.
Não a morte! Não há morte,
só sementeiras.
Nenhum bem se aterra,
se o gesto fértil se espalha,
e a língua é espada e espanto.
Nenhum carrasco tomba
o canto indomável das sílabas,
nem turva o clarão do sorriso.
Não há terror que impeça
o orvalho nos desertos.
Carmen Moreno
Comments