Na calada da noite
calou-se a voz, tocaia.
Toque de recolher a vida.
Ávida, a mulher realçou
rostos invisíveis:
despenteou a brisa,
desabrigou mentiras,
soprou ventanias no marasmo.
Não a morte! Não há morte,
só sementeiras.
Nenhum bem se aterra,
se o gesto fértil se espalha,
e a língua é espada e espanto.
Nenhum carrasco tomba
o canto indomável das sílabas,
nem turva o clarão do sorriso.
Não há terror que impeça
o orvalho nos desertos.
Carmen Moreno
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